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OIPM - Observatório de Interações Planta-Medicamento
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“Aprender Saúde entre as Plantas e os Medicamentos”
[ 2013-06-03 ]
Alcool, drogas, smartdrugs, ansiolíticos e antidepressivos. As interacções entre tudo isto são imensas. O consumo de álcool, drogas incluindo as chamadas smartdrugs e outras substâncias psicoactivas como antidepressivos e ansiolíticos continua a aumentar em Portugal. Os jovens, que são o futuro do nosso país devem ser cada vez mais alertados não só para os danos em saúde que são muitas vezes irreversíveis mas também do perigo das interacções das misturas que muitas vezes fazem. Alerta-se para o risco não só destas substâncias mas para as interações que podem ocorrer com vários medicamentos.

Os malefícios do álcool são sobejamente conhecidos e um excelente exemplo para explicar que uma dose elevada única pode conduzir ao coma alcoólico e consequente morte e que o consumo crónico (ao longo do tempo) pode induzir toxicidade hepática (vulgo cirrose). As interações com vários medicamentos é sobejamente conhecida e pode causar várias falhas terapêuticas desde a ineficácia de antibióticos ao efeito cumulativo de depressão do sistema nervoso.
No que concerne drogas ilegais em geral, muitas destas substâncias são de origem natural, como por exemplo, a heroína (obtida da morfina que se retira da papoila dormideira), a cocaína (das folhas da coca), o LSD (de um fungo que se desenvolve no centeio), as anfetaminas (que podem ser retiradas de várias plantas), cogumelos alucinogénicos e a cannabis (vendidas por exemplo, as folhas ou a resina) refere a Professora e acresenta que “os canabinóides naturais (da planta Cannabis sativa) e os sintéticos acentuam o efeito psicotrópico das benzodiazepinas, álcool e barbitúricos. Esta droga potencia a ação dos relaxantes musculares, broncodilatadores, antieméticos, fenotiazidas, medicamentos antiglaucoma, antiepilépticos, dissulfiram, varfarina (hemorragias), antidepressivos como a fluoxetina, e de outras drogas como a cocaína ou os opiáceos. Reduzem a atividade da clozapina, mirtazepina, olanzapina, teofilina, do rimonabant, dos inibidores da protéase, e de alguns antidepressivos tricíclicos. E, por favorecerem a imunossupressão, estão contraindicados em doentes HIV-positivos.
O uso de medicamentos na época dos exames trás vários problemas aos alunos. Muitas destas substâncias aumentam os níveis de neurotransmissores mas o custo na actividade neuronal a curto e longo prazo pode ser muito elevado, dado que muitas destas substâncias são produzidas sem nenhum controlo e o impacto que causam no organismo muitas vezes é imprevisível. A constante síntese de substâncias várias cuja estrutura está sempre em constante mutação não permite que possamos estudá-la o suficiente para poder ajudar com mais segurança e alertar para os efeitos nefastos. Por outro lado o uso excessivo de ansiolíticos e de antidepressivos também é feito muitas vezes em abuso. Em época de exames pode funcionar em contracorrente dado que a memória é diminuída com o seu consumo.
No entanto, para quem foram prescritas benzodiazepinas (clonazepam; diazepam; flunitrazepam; nitrazepam; alprazolam; estazolam; midazolam; triazolam) ou antidepressivos: amitriptilina; citalopram; clomipramina; doxepina; fluoxetina; imipramina; mirtazapina; nefazodona; reboxetina; sertralina; trazodona) deve evitar o consumo de álcool e de todas as plantas e/ou extractos cuja metabolização seja via o complexo enzimático CYP 3A4 como por exemplo, erva de São João (hipericão), sumos de laranja ou de toranja, gingko, entre outros.
Pilulas anticonceptivas e do dia seguinte
A pílula contracetiva, como qualquer outro medicamento, também pode sofrer interações com outros medicamentos ou produtos de origem natural, quer os estrogénios quer os progestagénios que compõem a pílula sofrem- intensa metabolização hepática, pelo que determinados aumentos da atividade enzimática do fígado, causados por diversas substâncias, podem fazer diminuir os níveis das hormonas contracetivas em circulação. Principalmente se estivermos a lidar com pílulas de baixa dosagem (as mais recentes), estas podem perder eficácia, o mesmo é dizer, dessa interação pode resultar uma gravidez indesejada. É o caso de alguns antiepiléticos, conhecidos por serem indutores enzimáticos (carbamazepina, por ex.), ou do hipericão (erva de São João), também ele um potente indutor enzimático o que conduz a um decréscimo da acção do medicamento.
Passa-se o mesmo com a pílula do dia seguinte: mesmo quando tomada de acordo com as indicações clínicas, se a mulher que a toma estiver sob o efeito indutor enzimático de algumas substâncias, ela poderá não ter eficácia, uma vez que será rapidamente metabolizada no organismo, não conseguindo atingir os níveis sanguíneos necessários para produzir o seu efeito farmacológico. Todos os medicamentos ou produtos naturais que alterem a flora intestinal – causando diarreias ou não – também podem diminuir a eficácia da pílula, na medida em que vão interferir com a absorção ou com a circulação enterohepática dos estrogénios. É o que acontece com alguns antibióticos de largo espectro ou com os produtos naturais que as mulheres tomam, muitas vezes, para emagrecer.
Outro tipo de interações tem a ver com o aumento do risco de tromboembolismo venoso. Sabemos que os contracetivos hormonais aumentam a coagulabilidade do sangue; se a mulher estivar a tomar de forma crónica outras substâncias que também elas provoquem alterações na cascata da coagulação (ex: soja, ginseng) poderá haver potenciação de efeitos, e o risco de a mulher vir a sofrer um tromboembolismo é muito maior.


http://youtu.be/OGkbCoBjIbk



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